segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

AQUILO QUE PENSO SOBRE AQUILO QUE VI - PARTE II

(QUERIDOS LEIAM A PRIMEIRA PARTE DE "AQUILO QUE PENSO SOBRE AQUILO QUE VI ")

SOBRE O FILME "A FITA BRANCA"

Diante do sucesso mega retumbante do filme AVATAR, tão cheio de efeitos especiais e críticas favoráveis, tanto dinheiro gasto, tanto dinheiro arrecadado e tal, ufa!!! O que falar mais?

SERÁ QUE SE EU DISSER QUE GOSTEI MAIS OU MENOS DE AVATAR, serei considerado um extraterrestre?

BEM ENFIM, eu apenas quero falar sobre outro filme, rsrsrs...
A TIRA BRANCA
Contar uma boa história, em preto e branco, de maneira lenta, intimista, às vezes até incômoda, A QUEM INTERESSA?
A quem interessa mostrar excelentes atores, vistos bem de perto numa cidadezinha sombria, triste, cheia de mistérios?
A quem interessa mostrar um filme de duas horas e meia, sem correrias, nem tiros, nem muito menos as chamadas AÇÃO e AVENTURA?
SEM OS CHAMADOS EFEITOS ESPECIAIS!!!
A quem interessa mostrar o que os pais pastores, médicos e políticos andam fazendo com seus filhos e funcionários no silencioso escuro dos seus quartos e gabinetes?
A quem interessa fazer refletir sobre um período obscuro e terrível da humanidade pouco antes da chegada do nazismo?
Uma multidão lotaria as salas?
Ganharia o CANNES?
Ganharia o GLOBO DE OURO?
GANHARÁ O OSCAR DE FILME ESTRANGEIRO?

UFA! Ainda bem, que algumas pessoas ainda acham importante pensar e vão ao cinema ver o filme:

O que eu penso sobre A FITA BRANCA.

ASSISTI O FILME, pensei, me emocionei, analisei e li que a crítica olha com cuidado para a ideia que o roteirista passa de que o Nazismo é apenas um resultado ou consequência da frieza, da fria e má educação dos alemães e diz também ela (a crítica) que isso é um perigo.
Posso até concordar em partes com isso, mas também vale lembrar que toda obra de arte é fruto de uma decisão do autor e do diretor e sempre se corre o risco de acertar  e errar em certos pontos escolhidos.
Um filme é sempre uma obra de arte que pede questionamentos e reflexão. NUNCA PODEMOS ACREDITAR, ACEITAR E CONCORDAR COM TUDO!
ENTRETANTO, o filme vale a pena ser visto, ainda que para ser contestado e até para discordarmos dele.
A FITA BRANCA, possui cenas memoráveis, diálogos maravilhosos, metáforas excelentes, interpretações comoventes, questões importantíssimas levantadas, que merecem reflexão, além de uma direção primorosa.

VOCÊ PODE AMAR OU ODIAR O FILME,  NÃO IMPORTA, O QUE IMPORTA É QUE FAZ PENSAR E “PENSAR DÓI, MAS É NECESSÁRIO!”

TRECHOS DE MATÉRIAS E CRÍTICOS ESPECIALIZADOS
Filme austríaco A Fita branca vence Festival de Cannes
O filme austríaco A Fita Branca recebeu neste domingo a Palma de Ouro, o prêmio principal no Festival de Cannes.
O filme de Michael Haneke, rodado em preto e branco retrata o clima sombrio que toma conta de uma vila alemã às vésperas da 1° Guerra Mundial.

E ganhou também em 2010 o GLOBO DE OURO!!!

LEIA ESTE TEXTO IMPORTANTE:
A INCOMPREENSÃO REQUENTADA
Por Bruno Leal

“O novo filme do diretor austríaco Michael Haneke (diretor do excelente Caché) foi uma das sessões mais disputadas da última edição do Festival de Cinema do Rio de Janeiro. E o lugar na platéia justifica-se, a começar pela ousadia do projeto: “Das weiβe Band” (“A Fita Branca”) tenta explicar a origem histórica do nazismo e do holocausto. Para isso, Haneke volta a um discreto vilarejo na Alemanha às vésperas da Primeira Guerra Mundial, cuja paz rotineira é perturbada por uma série de crimes misteriosos. A cena de abertura coincide com o primeiro desses crimes. O médico do vilarejo está voltando para casa, montado num cavalo, quando um arame esticado entre cercas derruba o derruba. Semanas depois, acontecem novos crimes: um celeiro inteiro é incendiado e o filho do barão local é seqüestrado e torturado. Em pouco tempo, o medo a desconfiança se apoderam do lugar.
O que Haneke oferece ao espectador é uma verdadeira anatomia moral e psicológica dos moradores do vilarejo alemão. Em "A Fita Branca", o diretor consegue um efeito parecido com outro filme seu, "Caché" (2005): enquanto o público se preocupa em desvendar os crimes, o filme passa por um deslocamento, indo do espaço público para o espaço privado, sempre com muita sensibilidade. Dentro das quatro paredes familiares, tomamos conhecimento de uma estrutura patriarcal altamente autoritária, marcada pelo signo da punição e da disciplina. Em uma cena, por exemplo, vamos um pai bolinar a própria filha durante a madrugada. Enquanto isso, outro pai, o pastor da cidade, amarra as mãos do filho adolescente na cama para impedir que ele se masturbe (um pecado mortal). Por isso, não surpreende que o professor do vilarejo chegue à bizarra conclusão de que são aquelas crianças, em sua maioria submetida a uma educação fortemente repressora, as responsáveis pelos misteriosos crimes.
A tese de Haneke é que esta estrutura autoritária da sociedade alemã, sobretudo a patriarcal, gerou fortes sentimentos de indiferença, crueldade e desprezo entre a geração de jovens do início do século XX, a mesma geração que anos mais tarde abraçaria a causa do nazismo, tendo em Hitler muito mais do que um governante, mas um verdadeiro pai (sabemos, por exemplo, que o próprio Hitler tivera vários problemas com o seu pai durante a infância e adolescência)...”
“...E a qualidade técnica não se esgota por aí. O filme é todo filmado em preto e branco impecável. O uso das câmeras é fascinante, não somente por conta da função do close-up para registrar as nuances dos personagens, mas também para seguir o ator em sua movimentação pelo cenário. Durante as filmagens à noite, o uso das penumbras e do som estalado provoca arrepios, tal como o silêncio da manhã. Em nenhum momento, há falas exageradas nas bocas dos personagens. Não soubéssemos da magia do cinema, poderíamos dizer que as filmagens ocorreram sem que os filmados soubessem de absolutamente nada, tamanha é a naturalidade das atuações. Um filme tecnicamente impecável, um exemplo de como as imagens podem nos transportar para um universo totalmente diferente."
“... o filme é uma tremenda tragédia. E o que explica esta tragédia é o argumento do filme de Haneke. Ao explicar o nazismo e o holocausto pela via do germanismo, em particular por sua estrutura patriarcal castradora, 'A Fita Branca' é um enorme passo atrás na compreensão desses fenômenos.”
Assim, se “A Fita Branca” pode ser primoroso do ponto de vista técnico-cinematográfico, do ponto de vista do argumento do roteiro, cuja vida é dada pela direção persuasiva e brilhante de Haneke, trata-se de uma tragédia completa. Para o diretor austríaco (vale lembrar que a Áustria recebeu com flores a anexação na Alemanha de Hitler) o nazismo é representado como um “problema de alemães”. E se a opinião pública compra essa idéia, ainda bem arraigada na mente de certos produtores de sentido sobre o passado, seria a comprovação de que não aprendemos ainda a maior lição deixada pelo holocausto.”


VEJA O FILME, pense, DISCORDE, concorde, QUESTIONE, aumente seu senso crítico, TENHA PONTOS DE VISTA, observe as boas interpretações, CURTA UM FILME EM P&B, enfim...
APRENDA COM ESSE FILME!!!

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