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Esse é o blog de Edson Araújo Lima. Criador e diretor da Companhia Clássica Vanguarda de Teatro e Vídeo. Todos os artistas e amigos estão convidados a compartilhar comigo o amor pelas Artes em geral. SEJAM BEM VINDOS!
terça-feira, 3 de maio de 2011
AQUILO QUE PENSO SOBRE AQUILO QUE VI - XVII
Quem serão nossos mestres?
A morte de José Renato. Uma homenagem e uma reflexão...
Ontem, dia em que a mídia foi bombardeada - termo apropriado - pela notícia da morte do terrorista Bin Laden, um outro grupo de pessoas, bem mais pacíficas espero, recebeu a triste notícia da morte repentina do grande mestre e diretor de teatro José Renato Pécora.
Eu não tive contato pessoal com esse homem tão admirado e na verdade, nem mesmo posso falar muito de sua obra, com profundidade, mas sei dele pelo que ele significa.
Aquilo que ele representa, aquilo que ele pregou e seguiu como profissão - de vida e de fé - me une a ele de maneira definitiva:
José Renato amou o teatro, lutou por ele e teve nele o motivo de viver até o último dia da sua vida.
Ele faleceu vítima de um ataque cardíaco fulminante uma hora depois de ter, aos 85 anos, se apresentado como ator num espetáculo premiado como melhor espetáculo do ano de 2010 (DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA) deixando um legado de lembranças eternas, grandes espetáculos, lembranças inesquecíveis de um HOMEM DA ARTE E DA POLÍTICA!
SIM, seu trabalho foi político no melhor sentido da palavra, ele juntamente com AUGUSTO BOAL, GIANFRANCESCO GUARNIERI, CHICO DE ASSIS E OUTROS, com o TEATRO DE ARENA, trouxe uma revolução no teatro brasileiro uma revolução que muito além da estética e da dramaturgia, trouxe ideologia, luta social, pensamento acerca do fazer teatral e mais ainda da maneira de pensar o teatro, de pensar o Brasil, o Brasileiro, especialmente o BRASIL SOCIAL, o NACIONALISMO, os trabalhadores, operários enfim... ISSO É UMA REVOLUÇÃO IMPORTANTÍSSIMA!
E foi lá, na pequena sala, de tão enorme significado para a cultura brasileira que ele foi velado. Não havia uma multidão, como se vê nos enterros das chamadas celebridades vistas e reconhecidas pela mídia televisiva. Não havia carros de emissoras, nem "TVs Famas" nem mesmo a TV CULTURA eu vi por lá. Podem ter ido hoje ao enterro mas ontem até às 23h horas eu não vi um representante da imprensa.
Hoje, a notícia está mais divulgada na internet, é só consultar o Google e vemos matérias. Também jornais importantes nas bancas trazem matérias acerca do assunto e da vida do grande homem José Renato.
Não que ele quisesse ou precisasse disso, não que isso fosse glamourizar sua despedida. Mas, vejo que isso é uma demonstração necessária para que o público mais leigo o conheça e o reverencie.
ELE ESTAVA LÁ! CERCADO DE AMIGOS!
Ou mesmo de admiradores como eu e outros que conversei e que diziam que apesar, de que nunca tiveram a oportunidade de conhecê-lo mais de perto, nunca terem estudado com ele, nunca terem sido dirigidos por ele o admiravam sobremaneira pelo que ele SIGNIFICAVA.
Esse significado traz uma reflexão. E essa reflexão povoou minha mente principalmente quando vi, chorando bastante - e inclusive me deu um sorrisinho triste entre lágrimas, por simpatia - a atriz EVA VILMA e quando vi uma tristezinha tentando passar despercebida nos olhos de Chico de Assis quando chegou ao velório. E não só deles mas também de Antonio Abujamra, Juca de Oliveira, Paschoal da Conceição, André Garoli e muitos outros atores e atrizes que eu infelizmente não sei o nome.
A reflexão maior é a seguinte: Quem serão nossos mestres?
Quando esses queridos "se eternizarem na ausência"e torço para que isso aconteça daqui a muitos anos, é claro! Quem serão os nossos metres?
Quem continuará esse legado, quem cuidará dos órfãos como eu, Geovane Fermac, Edu Brisa e tantos outros milhares de seguidores e discípulos desses mestres?
Onde estão os ARTISTAS DE VERDADE que não se renderam ao brilho fascinante da mídia, mas que fazem do Teatro e de sua ideologia social seu travesseiro muitas vezes duros, de pedra.
Quem continuará a dar essas oficinas maravilhosas do Chico de Assis - dramaturgia e interpretação - realizadas há anos. Quem nos ensinará com tanto afinco o OBRA DE BRECHT?
Quem compartilhará com tanto carinho conosco esse talaento para atuação, para direção como JOSÉ RENATO, que só tive a oportunidade de ver na direção de O GRANDE GRITO sua última peça - tive esse privilégio de levar os alunos/atores da CIACLAVAN para ver, por três vezes.
Quem serão as atrizes brilhantes que darão sequencia ao trabalho de EVA VILMA e das saudosas LÉLIA ABRAMO e outras desse naipe?
Esse assunto nos acompanhou ao café, na Praça Roosevelt, e confesso, foi o único motivo para vermos certas tristezinhas em alguns olhares.
COM RELAÇÃO À MORTE DO ZÉ NÃO HÁ MOTIVOS PARA TRISTEZAS OU MÁGOAS, ELE VIVEU, VIVEU, VIVEU E CONTINUARÁ VIVO.
ESTAVA ALI SILENCIOSO, MAS SUA IMAGEM FICOU MUITO BEM MARCADA.
MORREU NO AUGE, NO TOPO, RECONHECIDO, HOMENAGEADO.
RECEBEU APLAUSOS, AMIGOS, HONRA...
DEIXOU SEU NOME ESCRITO NA TERRA COM MUITA DIGNIDADE E VIROU ESTRELA NO "VASTO CAMPO DO CÉU..." como a personagem Macunaíma do livro de Mário de Andrade, muito bem representado no teatro e dirigido por ele.
ELE RECEBEU A SENTENÇA: ELE É O CULPADO! FELIZ CULPADO POR SERMOS SEUS ETERNOS FÃS E SUA MENSAGEM DE VIDA, SEU MOTE ETERNO, SEU GRANDE TEXTO É ESSE:
O TEATRO VALE A PENA! VALEU ZÉ RENATO! O BRILHO É TODO SEU!
Alguns nomes citados nesse texto:
O mestre Chico de assis
O grande Geafranceso Guarniere
O mestre Augusto Boal
O maravilhoso Juca de Oliveira
O provocador provocante Antonio Abujamra
A excelente Eva Vilma
A incrível Lélia Abramo
E mais:
O simpatissíssimo Paschoal da Conceição
o brilhante Geovane Fermac no filme Botinas no elevador
(meu ex-aluno e amigo)
Edu Brisa, excelente diretor e dramaturgo
(meu amigo da CTI - Cia Teatro da Investigação)
O bom ator André Garolli
(meu amigo, atualmente da Rede Globo: Cinquentinha e Laura com Z)
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